Quando uma modalidade cresce, como é o caso do Beach Tennis, com mais praticantes e consequentemente mais torneios amadores e profissionais a cada dia, algumas questões pertinentes à prática ganham importância quando se pensa em promoção de saúde e melhora do desempenho esportivo. Nesse sentido, os aspectos nutricionais aplicados à modalidade certamente merecem atenção.
O Beach Tennis pode ser caracterizado como um esforço intermitente, pois a disputa de pontos ocorre com níveis de intensidade variados, normalmente com curta duração de tempo e com intervalos entre os pontos que permitem a recuperação orgânica total ou parcial. Embora cada partida dure em torno de 15 a 25 minutos, cada atleta pode realizar diversas partidas no mesmo dia, o que aumenta a probabilidade de desenvolvimento de fadiga, especialmente nos membros inferiores, comprometendo a execução de habilidades técnicas e a capacidade física necessária para a realização das jogadas. As características ambientais também contribuem para o desgaste físico, pois as partidas são realizadas ao ar livre, expondo o atleta às variações de clima.
Sob o ponto de vista metabólico, o gasto de energia durante um jogo de Beach Tennis é alto e, se considerarmos o gasto de um dia de campeonato, esse valor é significativamente mais elevado. Em função das características da modalidade, as principais fontes de energia utilizadas são os carboidratos e as gorduras. Se considerarmos que o bom desempenho no Beach Tennis depende não apenas da técnica dos golpes, mas também da quantidade de energia para a realização deles, desenvolver estratégias nutricionais para os praticantes pode contribuir para melhorar o desempenho físico e os resultados nas partidas.
EVITE OS ALIMENTOS "DA PRAIA"
Uma questão bastante discutida entre os profissionais da área de fisiologia do esforço é identificar se atletas que jogam diversas partidas no mesmo dia são capazes de responder fisicamente de igual forma em todos os jogos. De acordo com Fabiana S. Evangelista, docente do curso de Ciências da Atividade Física da Universidade de São Paulo, reduções importantes do nível glicêmico dos atletas podem surgir durante a realização das partidas quando há um desequilíbrio entre o conteúdo de energia que está sendo gasto pelo organismo e o conteúdo que está sendo ingerido. "A queda da glicemia durante as partidas resulta em prejuízos para as funções do organismo, pois normalmente está associada à redução da eficiência dos estímulos neurais para realização dos movimentos e, assim, maior número de erros dos golpes. Adequar a ingestão de alimentos às exigências da modalidade é prioridade para potencializar o desempenho físico, acelerar o processo de recuperação e evitar o aparecimento precoce da fadiga", comenta Fabiana.
No entanto, o que se observa em diversos torneios de Beach Tennis é o excessivo consumo de alimentos tipicamente vendidos em praia, geralmente com baixo valor nutritivo, rico em gorduras saturadas e pouco funcionais. Tais alimentos acabam prejudicando ainda mais o desempenho físico do atleta e, se considerarmos que o período de permanência na praia pode ser o dia todo, o momento que deveria ser para promoção de saúde, de fato, acaba se tornando prejudicial. Isso pode ser reforçado se, além da falta de cuidado com a alimentação, o atleta não realizar reposição hídrica adequada.
HIDRATAÇÃO
"A questão da ingestão hídrica no esporte é tão importante quanto a alimentação. Em situações de calor e elevada sudorese, o cuidado deve ser dobrado em função dos riscos de desidratação do atleta. Por isso, disponibilizar água e repositores hidroeletrolíticos durante as partidas pode facilitar o acesso dos atletas, e consequentemente, minimizar os períodos ausentes de ingestão hídrica", afirma Fabiana. Quanto às dicas para reposição hídrica durante a prática esportiva, a professora aponta: "Antes de iniciar a prática esportiva, recomenda-se a ingestão de 400 a 600 ml de líquidos. Durante a prática, deve-se ingerir entre 150 e 300 ml a cada 15-20 minutos. No entanto, quando o clima estiver muito quente, esse volume deve ser aumentado. Além disso, considerando que a duração da prática é elevada, torna-se interessante adicionar carboidratos na água, como por exemplo, a maltodextrina, e também sódio. Nesse caso, a sugestão é para a diluição de 6 a 8 gramas de carboidratos e, 0,5 a 0,7 gramas de sódio em 100 ml de água".
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
Quanto às recomendações nutricionais, segundo o Colégio Americano de Medicina Esportiva, as necessidades diárias de ingestão de carboidratos variam entre 6 e 10 g/kg de peso corporal, o equivalente a 60-70% da ingestão energética diária. Para proteínas, o consumo deve ser em torno de 1,2 a 1,7 g/kg ou 12-15% do total ingerido no dia. Já para o consumo de gordura, recomenda-se entre 20% e 25% do total de energia, com quantidade elevada de origem insaturada ou poli-insaturada, e reduzida em saturada ou trans. Além disso, se o atleta realizar todas as refeições recomendadas no dia, as necessidades de sais minerais e vitaminas estarão sendo supridas. De fato, segundo Fabiana, o uso de complexos de vitaminas e sais minerais só fará sentido se o atleta apresentar a deficiência de um desses nutrientes.
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